sexta-feira, 30 de abril de 2010

Governo planeja incentivo a produtor


O governo federal prepara um programa para conceder incentivos fiscais aos produtores rurais que recuperarem áreas degradadas. Um grupo de trabalho, liderado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e composto por integrantes dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, discute os detalhes e a previsão é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresente o programa ainda neste governo, que termina no fim do ano.

Um dos coordenadores do projeto é o pesquisador Décio Gazzoni, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ligada ao Ministério da Agricultura. Gazzoni está temporariamente prestando serviços na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência por conta desse projeto.

O pesquisador conversou com o G1 após uma palestra na feira agrícola Agrishow, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, sobre bionergia.

Gazzoni não deu muitos detalhes do projeto porque, segundo ele, o tema ainda está em discussão. A ideia, ele disse, é criar linhas de crédito para o produtor rural que dê incentivo no caso de projetos produtivos que recuperem áreas degradadas. Ele afirmou que como o incentivo se dará ainda não está definido e que num segundo momento os ministérios do Planejamento e da Fazenda entrarão na discussão.
Segundo o pesquisador, o governo entende que a recuperação de áreas degradadas é a melhor saída para aumentar a produção agrícola no Brasil com sustentabilidade. Para ele, a recuperação desses espaços é um dos principais desafios para a agricultura no país.

"Hoje o Brasil tem 340 milhões de hectares para a agricultura. Cerca de 200 milhões são pastos e muito mal aproveitados. Se melhorarmos essas áreas, podemos liberar mais 20 milhões de hectares para produção de alimentos", destaca Gazzoni.

Décio Gazzoni afirma ainda que, com o projeto, o governo vai também chamar atenção para o fato de que "não precisa derrubar floresta para aumentar a produção".

"A sustentabilidade deixou de ser um diferencial, faz parte do negócio. Se um projeto não for sustentável, não se consegue financiamento. A Embrapa nem começa um projeto se ele não for sustentável", destaca.

Para o pesquisador, o projeto vai diminuir o desmatamento no país, mas não necessariamente o agricultor deixe de derrubar árvores. "Isso não significa que vão deixar de derrubar árvores no Cerrado, por exemplo. Possivelmente o desmatamento aumente um pouco nos próximos anos. Mas a tendência é de que a situação passe a se estabilizar com os incentivos. Se o agricultor desmatar uma área aqui, recupera outra área ali, e assim consegue-se um crescimento sustentável."

Outros projetos
Na abertura da feira Agrishow, no interior paulista, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, destacou um outro projeto, que também deve incluir incentivos fiscais para a agricultura. O programa, chamado Agricultura de Baixo Carbono (ABC), está em fase de discussões e visa diminuir a emissão de gases poluentes, como os obtidos com as queimadas.

Rossi falou do programa após criticar duramente os ambientalistas que defendem redução na produção agrícola para conter o desmatamento. "Só um doido pode querer diminuir a produção de um país que é celeiro do mundo e que produz 25% dos alimentos comercializados."

Ainda segundo o ministro, em dez anos o país poderá produzir um terço do alimento comercializado no mundo e, por conta disso, precisa aumentar a produção com sustentabilidade.

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