quarta-feira, 7 de julho de 2010

Saiba como é feita a previsão do tempo

Comportamento futuro da atmosfera é simulado por 'supercomputadores'.
'Lidamos continuamente com incertezas', diz meteorologista.
Quem consulta a previsão do tempo antes de sair de casa ou se preparar para uma viagem nem imagina o trabalho que está por trás dos mapas e temperaturas mínimas e máximas previstas para os próximos dias.

No Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe), em Cachoeira Paulista (SP), a previsão conta com uma equipe de 12 meteorologistas, entre graduados, mestres, doutores e técnicos. E pode levar até três horas para ficar pronta, dependendo das condições climáticas e variáveis meteorológicas.

Mas o que são essas variáveis meteorológicas, através das quais é feita a previsão do tempo? De acordo com o meteorologista Gustavo Escobar, coordenador do Grupo de Previsão de Tempo do Cptec/Inpe, as principais variáveis são temperatura, pressão atmosférica, direção e intensidade dos ventos, umidade do ar e chuva.

“A previsão do tempo começa com um diagnóstico da situação meteorológica, que é observar a condição da atmosfera em um determinado momento. Essa observação só é possível através da análise de dados coletados por estações meteorológicas espalhadas pelo país. Os dados são justamente o que chamamos de variáveis. E a partir dessa avaliação é possível identificar os sistemas meteorológicos que estão atuando sobre a atmosfera, como ciclones, anticiclones, frentes frias ou frentes quentes, por exemplo”, explica o especialista.

A partir do diagnóstico, é possível fazer uma previsão mais precisa. "Temos que saber o que está acontecendo no momento para depois dizer o que vai acontecer no futuro”, afirma Escobar. O diagnóstico, no Cptec, é feito quatro vezes por dia.

Os dados captados nas estações meteorológicas são reunidos em uma “carta de tempo”, que é uma espécie de almanaque extenso com diferentes mapas que demonstram os sistemas meteorológicos atuantes na atmosfera. Esse é um dos materiais importantes para que os meteorologistas cheguem à previsão para os próximos dias.

Além de serem representadas na "carta" em forma de mapas, as variáveis meteorológicas também são aplicadas a equações matemáticas e físicas, em um computador. Ou supercomputador, já que ele simula, a partir de modelos numéricos, o que vai acontecer na atmosfera nos próximos dias.

“Os modelos numéricos são um conjunto de equações matemáticas e físicas que simulam o comportamento futuro da atmosfera, através de um computador. A solução dessas equações complexas seria a previsão."

Hora de interpretar


Pode parecer simples, mas o processo de elaboração da previsão do tempo é bastante complexo. Isso porque as saídas propostas pelo computador ainda precisam ser interpretadas pelos meteorologistas.

“A gente recebe a previsão proposta pelos modelos numéricos em forma de gráficos. Cabe, então, ao meteorologista interpretar essas saídas gráficas. É importante destacar, porém, que o modelo numérico não é perfeito. Ele tenta simular todos os processos físicos que acontecem na atmosfera da melhor forma possível, mas ele tem limitações”.

Essas limitações geram incertezas na hora da previsão e, algumas vezes, essas incertezas se traduzem em erros. “Lidamos continuamente com incertezas. O meteorologista previsor está sempre tomando decisões. Por isso é tão importante que o trabalho de interpretação seja feito em grupo, e com meteorologistas experientes, que vão levar em consideração aspectos da geografia, clima e vegetação de cada região", diz Escobar.

Depois de interpretados gráficos e imagens de satélite, os meteorologistas começam a produzir boletins que serão disponibilizados a clientes, usuários e em sua página na internet.

Estações meteorológicas

A sede do Inpe conta com uma estação meteorológica que, além de captar as variáveis climáticas da região, também serve como base de testes e calibragem de equipamentos que serão encaminhados, posteriormente, a outras estações pelo país. A estação fica localizada no Laboratório de Instrumentação Meteorológica (LIM).

O LIM conta com sensores de medida de temperatura, pressão atmosférica, umidade, vento, precipitação, radiação solar, qualidade da água, entre outros.

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